A discussão sobre autoria de livros e artigos gerados por inteligência artificial é antiga, mas é um fato que essa tecnologia já deixou sua marca no mundo de várias formas. Na loja de livros da Amazon Kindle, existem mais de 200 ebooks escritos ou auxiliados pelo modelo de IA ChatGPT da OpenAI. Até o momento, a Amazon não exige que o autor informe se utilizou a inteligência artificial para criar o livro, então o ChatGPT pode ser considerado um autor.

Um exemplo de obra com coautoria de IA é “The Wise Little Squirrel: A Tale of Saving and Investing” de Brett Shickler. Ele queria criar uma história para ensinar crianças sobre educação financeira. O livro infantil conta a história de um esquilo que aprende a economizar dinheiro com seus amigos da floresta depois de encontrar sua primeira moeda de ouro. Ele cria um cofrinho em forma de bolota e começa a vender bolotas.

A história é simples e não rendeu mais do que US$ 100 (R$ 500, em conversão direta) para o autor humano, mas foi suficiente para mostrar que a IA pode colaborar no desenvolvimento de histórias. “Posso ver pessoas fazendo uma carreira inteira com isso”, disse Shickler.

Dos 200 títulos construídos com o ChatGPT disponíveis na loja da Amazon, alguns deles ensinam sobre a própria IA. “Como escrever e criar conteúdo usando o ChatGPT” é um exemplo. Há livros com temas mais subjetivos também, como a coleção de poesias “Echoes of the Universe”, como destacou o site Reuters.

Pela internet, existem tutoriais e demonstrações de como IAs podem criar livros e contos em questão de horas. No artigo da Reuters, é mencionado um autor chamado Frank White que mostrou a criação de um livro de 119 páginas de ficção científica em menos de um dia em um vídeo do YouTube. O livro é vendido por US$ 1 (R$ 5) na loja de livros do Kindle.

A popularização de IAs geradoras de texto já preocupa as autoridades no assunto, segundo apontou a reportagem do site. “Isso é algo com o qual realmente precisamos nos preocupar, esses livros vão inundar o mercado e muitos autores vão ficar desempregados”, disse a diretora executiva do grupo de escritores Authors Guild, Mary Rasenberger.

“É preciso haver transparência por parte das plataformas sobre como esses livros são criados ou você acabará com muitos livros de baixa qualidade”, pontuou a executiva.

O principal temor das autoridades na área é que as lojas de livros serão inundadas com publicações elaboradas por IA, o que pode canibalizar autores reais e lotar o mercado com leituras sem substância.

Para a Amazon, as normas são as mesmas. Questionada pela reportagem, a empresa reforçou que “todos os livros na loja devem aderir às nossas diretrizes de conteúdo, inclusive cumprindo os direitos de propriedade intelectual e todas as outras leis aplicáveis”. A empresa não mencionou se tem planos de mudar ou revisar as normas da plataforma para conter a proliferação de livros feitos.

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